Telencéfalo

Formado por duas massas laterais, denominadas de hemisférios cerebrais direito e esquerdo. 

São separados parcialmente pela fissura longitudinal do cérebro. 

Os hemisférios cerebrais apresentam as mesmas características anatômicas, embora variações e alterações de massas (volume e posição) podem ser encontradas ao se comparar os hemisférios, tornando-se assimétricos.

 Funcionalmente é mais distinto, o hemisfério esquerdo está relacionado com a lógica e raciocínio, enquanto que o direito com percepção, abstração e musicalidade.

O padrão motor da maior parte das pessoas é comandado pelo hemisfério cerebral esquerdo, que controla os músculos da metade direita do corpo. 

A atividade motora pode ser estimulada e treinada durante a vida, capacitando uma pessoa ao ambidestrismo.

Os hemisférios cerebrais se comunicam, a principal estrutura inter-hemisférica de comunicação é o corpo caloso, formado exclusivamente por fibras nervosas mielinizadas.

No interior do telencéfalo estão localizados os ventrículos laterais (direito e esquerdo), em seus respectivos hemisférios cerebrais.

No telencéfalo encontramos circunvoluções denominadas de giros

Os giros permitiram aumentar a superfície para os neurônios, e ao mesmo tempo diminuir o tamanho do telencéfalo. 

Os giros do telencéfalo são separados por sulcos

O telencéfalo é dividido em partes denominadas lobos

São cinco lobos anatômicos do telencéfalo e um lobo considerado funcional

Dos cinco lobos anatômicos, quatro deles se relacionam com os ossos do crânio, recebendo a mesma denominação. 

Os lobos anatômicos do telencéfalo são: 

Frontal, parietal, temporal, occipital e insular

lobo insular não se relaciona com os ossos do crânio. 

lobo funcional do telencéfalo é o lobo límbico, que abrange parte dos lobos frontal, parietal e temporal.

O estudo do telencéfalo pode ser realizado de forma didática levando em consideração as suas três faces

Súpero-lateral, inferior e medial.

NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 7 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2018.

Face súpero-lateral do telencéfalo

Na face súpero-lateral identificamos os quatro lobos do telencéfalo (frontal, parietal, temporal e occipital). 

Dois grandes sulcos são visíveis: sulco central e sulco lateral.

Sulco central (“sulco de Rolando”): separa os lobos frontal e parietal. Inicia-se na face medial do telencéfalo, terminando no sulco lateral.

Sulco lateral (“sulco de Sylvius”): separa os lobos frontal do temporal e, o temporal do parietal. 

Inicia-se profundamente na base do crânio, dirigindo-se para a face súpero-lateral. 

Profundamente ao sulco lateral está localizado o lobo insular.

Outros sulcos estão localizados na face súpero-lateral. 

Para a maioria dos sulcos a nomenclatura obedece a localização e posição. 

Exemplo: sulco frontal superior ou sulco temporal inferior. 

Poucos são os sulcos que fogem do exemplo, como no caso do sulco intraparietal (sulco no sentido ântero-posterior, que divide o lobo parietal em dois lóbulos: superior e inferior).

Os giros da face súpero-lateral serão descritos abaixo, de forma sucinta, e indicaremos as principais funções

NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 7 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2018.

Face inferior do telencéfalo

A face inferior do telencéfalo apóia na base do crânio (com exceção do pólo occipital). 

Os lobos frontal, temporal e occipital são visualizados nessa face. 

Parte dos giros e sulco dos lobos occipital e temporal é contínua, por essa razão, descreveremos esses dois lobos juntos.

Lobos temporal e occipital: na face inferior do telencéfalo, o lobo temporal está alojado na fossa média do crânio, enquanto que, o lobo occipital está separada do fossa posterior do crânio pela presença do cerebelo. 

Localizam-se nessa região os giros: temporal inferior, occipitotemporal lateral, occipitotemporal medial (giro lingual), parahipocampal e o únco.

Giro temporal inferior: estende-se da face súpero-lateral, do sulco temporal inferior, até o sulco occipitotemporal.

Giro occipitotemporal lateral: localizado entre os sulcos occipitotemporal e colateral. 

Relacionada com a função visual secundária (reconhecimento de cor, face, números e palavras).

Giro occipitotemporal medial: localizado entre os sulcos colateral e calcarino. 

O giro occipitotemporal medial está relacionado com a função visual primária.

Giro parahipocampal: continuação do giro occipitotemporal medial, dirigindo-se anteriormente. 

O giro parahipocampal anteriormente se curva para constituir o únco e, posteriormente se conecta com o giro do cíngulo. 

O giro parahipocampal está relacionado com a memória, ativando-se no momento de recordação topográfica: imagens de regiões e lugares (cidades, quartos, salas). 

O únco está relacionado com funções olfatórias.

Lobo frontal: a face inferior do lobo frontal está apoiada na fossa anterior do crânio.  

Os giros são irregulares, denominados de giros orbitais. 

O sulco olfatório e o giro reto estão relacionados.

Sulco olfatório: aloja o bulbo e o trato olfatório. 

O bulbo olfatório contém o corpo celular do segundo neurônio da via olfatória. 

Seus axônios formam o trato olfatório, que se dirige posteriormente, dividindo-se em duas estrias olfatórias, uma medial e outra lateral. 

A estria olfatória lateral envia informações para o únco e giro parahipocampal, enquanto que a estria olfatória medial envia as informações para a área septal, localizada na face medial do lobo frontal.

NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 7 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2018.

Face medial do telencéfalo

A face medial do telencéfalo é estudada nos cortes sagitais medianos do encéfalo. 

Evidencia os lobos frontal, parietal e occipital, além de estruturas não corticais, a substância branca, sendo: corpo caloso, fórnice, comissura anterior, lâmina terminal e o septo pelúcido. 

Nessa face, também fica evidente as estruturas corticais do lobo límbico, localizadas nos lobos frontal e parietal (no lobo temporal estão localizadas na face inferior). 

Abaixo está descrito as estruturas do telencéfalo da face medial em uma sequência mais simples para o estudo.

Corpo caloso: formado por fibras nervosas mielinizadas, é o principal feixe de associação inter-hemisférico. 

O corpo calosoé dividido de anterior para posterior em: rostro, joelho, tronco e esplênio.

Fórnice (do latim fornix – arco): formado por fibras mielínicas, que se projetam do córtex do hipocampo para os núcleos dos corpos mamilares (integra parte do sistema límbico – “circuito de Papez”). 

Apresenta duas projeções posteriores, denominadas de pilares, que se ligam ao hipocampo. 

Os pilares se unem para formar o corpo do fórnice (inferior ao corpo caloso) e, separa-se anteriormente, formando as colunas do fórnice, que se projetam nos corpos mamilares do hipotálamo.

Septo pelúcido (do latim septum – cerca, e pellucidus – transparente): é uma parede triangular, ligado superiormente no tronco e joelho do corpo caloso, até o fórnice, inferiormente. 

O septo pelúcido é formado por duas lâminas, separadas uma cavidade estreita (cavidade do septo pelúcido, essa cavidade pode se apresentar dilatada, constituindo o Vº ventrículo). 

O septo pelúcido separa os ventrículos laterais.

Giro do cíngulo (do latim cingula – cintura): localizado superiormente ao corpo caloso. 

Seu limite superior é o sulco do cíngulo. 

O giro do cíngulo tem início no lobo frontal, segue para o lobo parietal, contornando superiormente o corpo caloso. 

Na região posterior, próximo ao esplênio do corpo caloso, torna-se estreito formando o istmo do giro do cíngulo, que se comunica com o giro parahipocampal.

Sulco do cíngulo: o sulco do cíngulo está localizado superiormente ao giro do cíngulo. 

Em seu trajeto origina o sulco subparietal e o ramo marginal do sulco do cíngulo.

Sulcos calcarinos, parietoccipital, ramo marginal do sulco do cíngulo, central e paracentral: esses sulcos dividem a face medial em áreas específicas. 

Estão ordenados de posterior para anterior.

Sulco calcarino (do latim calcarinus – forma de esporão): sulco horizontal, localizado no lobo occipital,  que separa o giro occipitotemporal medial (inferiormente) do cúneo (superiormente). 

O cúneo está relacionado com a função visual primária.

Sulco parietoccipital: sulco de direção obliqua que separa os lobos occipital e parietal. 

Posteriormente ao sulco parietoccipital está o cúneo e, anteriormente o pré-cúneo.

Ramo marginal do sulco do cíngulo: destaca-se da região posterior do sulco do cíngulo, com direção superior.

 Separa o pré-cúneo (localizado posteriormente), do lóbulo paracentral (localizado anteriormente).

Sulco central: com início no sulco lateral, o sulco central cruza toda a face súpero-lateral do telencéfalo, terminando na parte superior da face medial. 

Separa o lóbulo paracentral em duas áreas: anterior (motora) e posterior (sensitiva).

Sulco paracentral: sulco vertical que termina no sulco do cíngulo, separando o lóbulo paracentral do giro frontal superior.

Próximo ao rostro do corpo caloso é possível identificar a comissura anterior, lâmina terminal e a área septal.

Comissura anterior: fibras de associação inter-hemisféricas, localizada inferiormente ao rostro do corpo caloso. 

Estabelece união entre os lobos temporais.

Lâmina terminal: lâmina fina de tecido nervoso localizada entre a comissura anterior (superiormente) e o quiasma óptico(inferiormente). 

No desenvolvimento embrionário, o prosencéfalo se divide em duas vesículas, o telencéfalo e o diencéfalo. As vesículas telencefálicas são unidas medialmente pela lâmina terminal.

Área septal: localizada no lobo frontal, anteriormente a lâmina terminal. 

Estabelece conexões com o hipotálamo e formação reticular. 

É considerada uma área cerebral relacionada com o prazer.

Lobo insular (do latim insula – ilha): lobo de localização profunda ao sulco lateral, sendo recoberto pelos lobos frontal, parietal e temporal. 

O córtex da insula está localizado lateralmente à capsula extrema (substância branca do cérebro). 

O lobo insular apresenta giros longos (posteriores) e curtos (anteriores). 

Está relacionado com funções emocionais (fobias), sensoriais e motoras viscerais, vestibulares, movimentos somáticos e fala (apraxia).

Hipocampo (do grego hippokampos – cavalo-marinho): é uma formação profunda, localizada no lobo temporal, formando um arco sobre o corno temporal do ventrículo lateral. É formado pelo córtex mais antigo (arquicórtex). 

A porção anterior do hipocampo é dilatada, e denominada de pé do hipocampo (“corno de Ammon”). 

A porção súpero-medial do hipocampo é constituída pelo giro denteado. 

Entre o pé do hipocampo e o giro parahipocampal está localizado o subículo (do latim subiculum – que suporta). 

O hipocampo está envolvido com função de memória de curto prazo

NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 7 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2018.

Lobo límbico

É constituído por estruturas nervosas que formam um limbo na face medial do telencéfalo (nos lobos frontal, parietal e temporal). 

É formado por estruturas corticais e subcorticais

O lobo límbico está envolvido com o comportamento emocional, sexual e processamentos de memorização.

Componentes corticais do lobo límbico: giro do cíngulo, giro parahipocampal e o hipocampo.

Componentes subcorticais do lobo límbico: corpo amigdalóide, área septal, núcleos mamilares, núcleos anteriores do tálamoe núcleos habenulares.

William James foi o primeiro a propor a teoria das emoções. 

Após o indivíduo receber um estímulo, o cérebro gera as emoções (taquicardia, dispnéia, angústia, medo, etc.). 

Posteriormente, Walter Cannon propôs outra teoria, com a hipótese de que o tálamo seria o centro fundamental das emoções, e a partir dele os estímulos elétricos seriam enviados ao córtex cerebral e ao hipotálamo (ocorrendo alterações viscerais, via parte autônoma do sistema nervoso). 

James Papez demonstrou que não havia apenas um centro cerebral envolvido com as emoções. Sua teoria é a mais importante contribuição no estudo funcional das emoções. 

Seu trabalho demonstrou um circuito cerebral reverberativo, que utiliza de estruturas corticais e subcorticais.  A direção dos impulsos no circuito proposto por Papez é: hipocampo – fórnice – núcleos mamilares – fascículo mamilotalâmico – núcleos anteriores do tálamo – cápsula interna – giro do cíngulo – giro parahipocampal – hipocampo. 

Contribuições do trabalho de Paul MacLean incluíram outras estruturas encefálicas que se conectam com o circuito de Papez, sendo: área pré-frontal, corpo amigdalóide, área septal e tronco encefálico.

Centro medular branco do cérebro

Esse centro é formado por fibras nervosas mielínicas, divididas em dois grupos: fibras nervosas de associação e fibras nervosas de projeção.

Fibras nervosas de associação: conectam áreas corticais entre si, podendo ser intra-hemisféricas ou inter-hemisféricas.

Fibras de associação intra-hemisféricas: fascículo do cíngulo (conecta os lobos frontal e temporal), fascículo longitudinal superior (conecta os lobos frontal, parietal e occipital), fascículo longitudinal inferior (conecta os lobos occipital e temporal), fascículo uncinado (conecta os lobos frontal e temporal), e cápsula extrema (localizada entre o córtex insular e o claustro, conecta o córtex insular ao córtex do giro frontal inferior).

Fibras de associação inter-hemisféricas: comissura anterior (conecta os lobos temporais), corpo caloso(conecta áreas simétricas do córtex cerebral), e comissura do fórnice (conecta os hipocampos).

Fibras nervosas de projeção: conectam áreas corticais com áreas subcorticais.

Cápsula interna: ampla faixa branca, em forma de letra “V”, cujo vértice se dirige medialmente. 

É constituída por um ramo anterior (entre os núcleos caudado e lentiforme), um joelho, e um ramo posterior (entre o tálamo e o núcleo lentiforme). 

O ramo anterior apresenta fibras provenientes da parte frontal do córtex cerebral para a ponte. 

O joelho da cápsula interna contém fibras corticonucleares, provenientes do córtex motor para os núcleos dos nervos cranianos, localizados no tronco encefálico. 

O ramo posterior apresenta fibras corticospinais (anteriormente para os membros superiores, em seguida para o tronco e membros inferiores). 

A maior parte das fibras aferentes ou eferentes do córtex cerebral passam pela cápsula interna. 

Acima da margem superior dos núcleos da base, a cápsula interna se continua como coroa radiada, projetando-se para o córtex cerebral. 

Inferiormente aos núcleos da base a cápsula interna forma os pedúnculos cerebrais (no mesencéfalo).

Cápsula externa: localizada entre o claustro e o núcleo lentiforme (putame). 

É constituída por fibras profundas frontoccipitais, corticoestriadas e corticorreticulares.

NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 7 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2018.

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